terça-feira, 12 de abril de 2011

Vício das Palavras

Eu escrevo, escrevo em quantidade, não me preocupo com qualidade. Eu sou palavras o tempo inteiro, escrevo o que eu penso, escrevo o que eu não quero pensar, o que eu acho e não quero achar. Observo letras, absorvo palavras, transformo em textos, e quando assusto, já escrevi textos absurdos. Sou aspas, sou A, sou B, sou do C até o Z. Sou flor, sou amor, sou espinho, sou cor. Não tenho rancor, guardo o que for. Sou alegria sou tristeza, sou areia , sou poeira. Sou letras embaralhadas, sou uma simples gota d'água. Não tenho tempo, eu sou o tempo, escrevo qualquer coisa, eu me finjo de boba. Eu olho pra tudo quanto-á, coloco no papel tudo que eu acreditar, tiro do pensamento tudo que eu desprezar. Não quero mais rimar, quero navegar nas ondas de qualquer mar, quero viajar, eu vou voar.  Sou o brilho das estrelas, sou a filha da incerteza. Morro de vontade, vivo com saudade, acordo com desejo, faço qualquer loucura por um beijo. Sou o que eu quiser, sou de verdade sou mulher. Mas gosto do masculino, e se eu fosse um menino? Quero o insignificante, quero palavras desconhecidas,  frases sem sentido, qualquer coisa, talvez um livro. Faço questão de escrever tudo que eu não gosto de ver, tudo que eu não gosto de sentir, tudo que eu gosto de ouvir, tudo que contém letras. Sou letras, sou palavras, gosto de ser isso. Isso sou eu, sou vicio, sou mania, sou desesperada, sou vírgula e ponto de interrogação, sou esse texto que você vai ler e não vai entender, sou novamente o que eu quero ser. Sou qualquer coisa no céu, sou feita de papel, sou canção, sou melodia, sou o sol do meio-dia. Eu repito as palavras, sou novamente um pingo d'agua. Tenho uma mente desvairada, sou viciada em palavras.
Dayanne Alves